quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Sessão 3 - A Decepção

A decepção

“A decepção é sem dúvida a última desventura, pois se faz esquecimento em dádiva”.

Cultivei por todos esses anos um dos maiores males de quem padece dentro da raiva, a ansiedade. A ansiedade traz o medo de que as expectativas não se confirmem, traz certezas que ainda não temos, nos corrompe em especulações sobre um futuro que não temos a mínima ideia de como vai ser.

Seria difícil entender a decepção sem compreender a ansiedade. Só se decepciona quem põe esperança em algo, e quem espera sempre cai na obscuridade ansiosa.

Sempre fui dessas pessoas que cogitam tantas possibilidades sobre o futuro, que acabo sofrendo por antecipação, me chateando apenas por pensar que algo futuramente pudesse me tirar do sério. Porém, quem dera fosse apenas essa loucura digna dos filmes de Stanley Kubric.

Em minha vida, se decepcionar se tornou tão comum quanto comer, respirar, sentir sede. Talvez eu colocasse minhas expectativas em ambitos tão altos que seria impossível de serem compatíveis com a realidade que estava por vir, então quando o momento tão esperado chegava, era inevitável não ficar desapontado. 

Acho que esperei muito das pessoas, muito de tudo, enquanto todo o desapontamento culminava em uma raiva que só eu entendia, já que o que eu sentia, era convertido em algo tão irreal quanto minha própria dor.

Se decepcionar é uma arte que só não causa maiores prejuízos, se em completo esquecimento for entendido como dádiva.

Enfim, se você já fez tudo o que podia, sente e beba algo então, esqueça.


Na próxima sessão, A Tempestade.

Um comentário:

  1. Me identifiquei muito. Decepção já é visita que chega sem ligar antes aqui em casa.

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